A Frágil Vida de um Refugiado

Paullo Di Castro
2 min readFeb 1, 2022
Pixabay

Moïse Kabamgabe, um jovem refugiado de guerra civil do Congo, país da África Central, tinha apenas 24 anos, e teve a sua vida ceifada de forma cruel, quando apenas reivindicava seus direitos: receber por dois dias de trabalho que prestou. Ele já exercia isso há 3 anos, quando ganhava diárias trabalhando em quiosques na praia da Barra da Tijuca, um dos lugares mais movimentados do Brasil. Estava no Brasil desde 2014. Depoimentos e imagens de câmeras de segurança constam que ele foi amarrado em um quiosque, e espancado até a morte, por no mínimo 5 homens. O laudo relata traumatismo no tórax, ou traumatismo pulmonar.

A família de Moise estava no Rio com o passaporte diplomático, já com uma boa caminhada de estabelecimento, e agora vive o luto precoce do rapaz, tão ambientado no país. “Brasil é uma mãe, uma segunda casa”, são palavras do irmão da vítima. Pede justiça, o que no Brasil é uma tarefa das mais ingratas. A violência não muda de país com os que precisam sair dele. Não importa se 200 milhões acolhem bem, se meia dúzia de pessoas inescrupulosas.

A vida de um refugiado é de alta vulnerabilidade, mesmo que entre em um país com todo o amparo da lei e das relações diplomáticas, ele está suscetível a ser tratado como um escravo, alguém à margem da sociedade. As políticas públicas direcionam e dão guarda-chuva para diversas iniciativas de acolhimento. Infelizmente é insuficiente para coibir as ações isoladas que atentam contra a vida, não um acaso de vir parar aqui, mas uma vida, que se deslocou forçadamente do seu lugar de origem, e foi em busca de viver dignamente em um país que lhe dá condições para isso.

Que possamos ver justiça para esse caso, e nos afastar da sensação de impunidade, que podem vitimar mais refugiados. Xenofobia e racismo são causas sérias, mas também pano de fundo para uma cultura de guerra que não precisa ser declarada, mas acontece velada e em casos isolados, o que a torna mais difícil de ser controlada, mas não impossível, se divulgarmos e conscientizarmos mais a cerca da realidade dessas pessoas.

Somente no Brasil, ao final de 2020 haviam 57.099 pessoas refugiadas reconhecidas. Foram feitas 28.899 solicitações da condição de refugiado, sendo que o CONARE reconheceu 26.577 pessoas de diversas nacionalidades como refugiadas. Tanto os homens (50,3%) como as mulheres (44,3%) reconhecidos como refugiados encontravam-se, predominantemente, na faixa de 25 a 39 anos de idade. Entre 2011 e 2020, os principais são venezuelanos (46.412), sírios (3.594) e congoleses (1.050). Dentre os solicitantes da condição de refugiado, as nacionalidades mais representativas foram de venezuelanos (60%), haitianos (23%) e cubanos (5%). Fonte: ACNUR/ONU

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Paullo Di Castro

Jornalista da Boa Notícia. Com música e café, fica melhor!